Highlights: 2019, o ano em que mais ouvi música

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Fala galera!

Essa correria de fim de ano fez com que eu ficasse em débito por algumas semanas, mas cá estou eu! E o assunto é Spotify. Todo ano o serviço de streaming libera um ranking para cada usuário com um resumo de seu comportamento dentro do aplicativo, como músicas mais tocadas, artistas mais ouvidos, tempo de uso, horário etc. 

Para quem curte mexer com dados [como eu!] é um prato cheio, sem contar que é praticamente um daqueles testes de personalidade da revista Capricho, ou do caderninho de perguntas da sexta série [quem se lembra?]. Isso porque é possível conhecer MUITO sobre uma pessoa somente avaliando o que ela tem ouvido.

Bom, neste artigo não vou entrar na polêmica do jabá do Spotify e de todo rolo que deu com os bots que geraram audiência [vou falar sobre isso depois, mas o lance é sério!]. Desta vez eu vou falar sobre eu, eu mesma e eu de novo! [risos] Mas, basicamente, vou analisar os meus dados, olha que bacana!

Segundo o Spotify, 2019 foi o ano em que eu mais ouvi música nos últimos quatro anos! Pois bem, em 2016 foram apenas 2.625 minutos, em 2017 foram 6.106, em 2018 foram 2.272 e, neste ano, 2019, 6.673 minutos de música. E posso garantir que esses quase 7 mil minutos foram contabilizados entre agosto e dezembro. 

Acho que dá até para fazer um comentário meio catártico aqui, enfim, o artigo é meu, e se eu quiser transformar ele em um ‘post’ de ‘blog’, quase uma página de diário adolescente eu posso, não posso? Claro que posso, eu pago o domínio e o servidor aqui, produção! [risos]

Seguindo, passei alguns anos realmente ‘away’ do mundo musical. Não sei se por culpa do mestrado [levanta a mão aí pessoal da ABNT], ou alguns momentos tensos/tristes que passamos nos últimos anos, ou se o estresse cotidiano mesmo. O fato é que durante todo esse tempo meu marido não parou de ouvir música nenhum dia sequer, nem que fosse um pagodão de fim de semana, ou aquele sertanejo anos 90 pós-bebedeira. Ele estava ali, firme e forte com a vitrolinha pegando fogo. 

Enquanto isso, eu nem sabia porquê pagava o Spotify e os CD’s estavam todos empoeirados. Eu entrava no carro e nem ligava o som, ficava em casa sem ligar nem a televisão. A quantidade de barulho costumava me embrulhar o estômago e naqueles dias do pagodão+sertanejo do marido, eu chegava a sentir até calafrios, enjoo, irritação e uma sensação muito esquisita. A música realmente me incomodava.

Uma amiga uma vez me disse que isso podia ser porquê o barulho interno [da minha cabeça] estava tão ensurdecedor que mais barulho [de fora] me deixava ainda mais louca. Eu achei essa definição brilhante. Eu precisava do silêncio, e posso te garantir que nesse período as únicas músicas que eu gostava de ouvir e que não me irritavam eram “Sound of silence” e “Bridge over troubled water”, do Simon & Garfunkel. Os nomes das músicas já dizem muito!

Enfim, que a história começou a mudar em junho deste ano. O disparador nem foi algo bom. Quando soube da morte do André Matos [Angra/Shaman], isso me abalou de uma forma que eu não esperava. Fiquei pensando na quantidade de vezes que ouvi Angra na minha adolescência e fui assistir a um vídeo de “Lisbon”, me lembrando daquele show maravilhoso do Shaman em Limeira, no Horto Florestal, quando começou a chover bem nessa música e estava frio pra caramba. [um daqueles dias mágicos que parece que toda a natureza está se unindo em um instante, sabe?] Acho que eu chorei nessa hora, na verdade, eu tenho certeza que eu chorei nessa hora e nem lembro o que eu pensei, foi esse excesso de sentidos que preencheu toda existência. Aquele definição que não se define do que é arte e de como ela mexe com a gente.

O resultado foi que a morte do André Matos fez com que eu me lembrasse de muita coisa que tinha esquecido [tipo os mais de dez shows do Angra que eu fui, daquele show do Blind Guardian que entramos pelo camarim, as aventuras no Live ‘n Louder e posso citar várias histórias engraçadas, ou não, mas vou guardar para próximos artigos]. Lembrei das bandas que eu costumava ouvir, os CDs que estavam empoeirados e do Spotify que eu pagava e nunca ouvia. Tudo isso me fez lembrar do quanto a música é importante não só para mim, mas para qualquer existência.

Esse revival saudosístico resultou em uma lista tipo essa dos mais ouvidos de 2019, que mais parece minha playlist de 2006 ou 2007:

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Exceto, é claro, por Beth Hart e Joe Bonamassa, minhas grandes descobertas de 2019. E essa música da Beth realmente falou comigo, sobretudo naquele trechinho do refrão: “I want to love, I want to live, I don’t know much about it, I never did, I don’t know what to do, can the damage be undone, I swore to God that I’d never be what I’ve become”. E essa era a questão, quando jovem eu sempre dizia a mim mesma que não queria ser uma adulta chata, daquelas que trabalha, dorme e cuida da casa. E..guess what…? Foi o que acabou acontecendo. A Vivian jovem queria que a música nunca parasse de fazer parte do cotidiano. Mas, acontece que agora temos um estúdio e adivinha quantas vezes tocamos no estúdio?

Então, era hora de se perguntar ‘can the damage be undone’? E foi assim que a música voltou para a minha vida, com Beth Hart, Joe Bonamassa, Wallflowers, Evanescence, Nightwish, Stratovarius, Reação em Cadeia, Tuatha de Danann e Tray of Gift. 

Tudo isso para dizer que o Spotify conseguiu desenhar perfeitamente como foi cada estação do ano para mim. E para lembrar a vocês: não deixem a música sair de suas vidas. Sem a música, a vida seria um erro…

Separei aqui minha playlist do ano para vocês conferirem no Spotify:

https://open.spotify.com/playlist/37i9dQZF1EtifwbwfR6KWN?si=UHMmt6_GRF6unvTCu1uQWA

E uma playlist no Youtube:

Muito obrigada por me acompanharem nesse finzinho de ano e em 2020 tem MUITO mais! Feliz ano novo a você!

Cya!

Vivian Guilherme

A autora é jornalista, mestre em Ciência, Tecnologia e Sociedade pela Universidade Federal de São Carlos (UFSCAR), graduada em Letras e pós-graduada em jornalismo contemporâneo. Produtora musical e técnica em áudio profissional, foi eleita Personalidade Musical do Ano (2008 e 2011) pelo Prêmio GRC Music (extinto Prêmio Toddy de Música). É criadora do Festival Rock Feminino e webmaster do Rockfeminino.com.br.

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