Mayara Puertas: um dos grandes nomes do thrash metal nacional
Liderando o vocal da banda Torture Squad há quase meia década, Mayara Puertas é um show à parte. A presença de palco e a técnica vocal mostram que sua presença na banda não apenas garantiu a continuidade de um trabalho de alto nível, como elevou ainda mais a qualidade do som de um dos nomes mais importantes do metal brasileiro.
Nascida em 1993, em Santo André no ABC Paulista, Mayara canta desde pequena tendo sua iniciação musical com canto popular e piano influenciada pela família que sempre esteve muito ligada às artes musicais. Ainda na infância aprendeu sozinha a tocar piano, e da mesma forma aprendeu a tocar violão e guitarra.
Em 2012 foi convidada a assumir o posto de vocalista da banda de Death Metal Necromesis, onde registrou o EP “Echoes of a Memory” e o Full Album “The Poet’s Paradox” participando assiduamente das composições contribuindo com riffs, e onde teve a oportunidade de gravar também teclados e violões para as musicas. Deixou a banda em 2015, tendo como seu último registro um tributo ao Bathory, no qual gravou uma versão de Man of Iron mesclado vocais limpos, guturais e rasgados. Em 2015 iniciou os trabalhos à frente do Górgona, projeto de metal extremo no qual compõe com sua parceira a baixista Patrícia Schlithler (Ex-Hellarise/ Ex-Harppia).
Em outubro de 2015 foi chamada a fazer parte do Torture Squad como vocalista oficial e já encarando uma agenda de shows pelo Brasil. É com muito orgulho que trago para vocês essa superentrevista com uma das maiores vocalistas brasileiras da atualidade!
Vivian Guilherme: Neste ano você completa cinco anos no Torture Squad, o que mudou na sua vida nessa meia década?
Mayara Puertas: As mudanças foram radicais, abandonei meu trabalho e minha cidade e me mudei para a capital de São Paulo para ficar mais próxima das atividades da banda, o que foi ótimo, pois estando próximo do nosso estúdio, a qualquer hora do dia posso me dedicar às composições. O resultado disso veio de maneira que no próximo disco estou explorando uma infinidade de recursos vocais, além de instrumentos como violão e piano. Hoje além de me dedicar ao Torture Squad, atuo como professora de canto especializado em Thrash/Death e Black Metal no conservatório Ever Dream, em São Paulo.
– Sua primeira banda foi o Necromesis? Como foi sua história na música, desde que começou a cantar já pensava em entrar em uma banda de metal ou rock?
Eu havia tentado montar diversas bandas, mas a primeira que tive um registro profissional foi o Necromesis, com eles também fiz minhas primeiras turnês abrindo para o Master e Vital Remains. Sempre quis ser cantora e gosto de explorar vozes diferentes, então quanto mais ouvia metal e suas vertentes, mais aumentou a vontade de seguir carreira no gênero.
– Hoje, o Torture faz mais shows fora do Brasil do que por aqui. O cenário em outros países é mais promissor? Como tem sido a receptividade?
Isso varia bastante, temos turnês pontuais em cada parte do mundo que quisemos explorar. Em nossas primeiras turnês de divulgação do Return Of Evil por exemplo, chegamos a realizar 27 shows no Brasil em 32 dias. Desde então passamos pela Europa, América do Sul e, recentemente, retornamos de uma turnê pelo México e América Central, onde nos deparamos com shows e festivais de alta qualidade, algo que ainda se está construindo no Brasil. Creio que estamos sempre buscando shows de melhor qualidade e estrutura do que uma grande quantidade de apresentações.
– De todo esse tempo de estrada e por todos esses países que passou, em algum show você ficou nervosa antes de subir ao palco, se sim, qual deles foi o mais ‘assustador’?
Nervosismo é algo que não sinto mais, cada vez estou mais a vontade nos palcos e absorvendo as emoções do momento. Mas com certeza shows que tremi na base foram quando fui convidada a cantar com o Angra e sem dúvidas o show do Rock in Rio, momentos emocionantes.
– Além dos shows com a banda, você dá aulas de vocal extremo. Muita gente pensa que o vocal extremo é simples e que não exige técnica, como é sua rotina de cuidados com a voz? Dá mais trabalho cuidar do vocal gutural do que limpo?
Cantar metal extremo é uma atividade que exige preparo físico além do vocal, uma rotina de treinos de tonificação e fortalecimento das áreas que utilizo para cantar, e há mais ou menos 2 anos atuo como instrutora orientando outros vocalistas que querem evoluir suas distorções vocais. A rotina de ensaios ininterruptos (ensaiamos em média três vezes por semana, horas a fio) também contribui para minha voz estar em dia. Pode ser que meu ponto de vista mude com o tempo, mas hoje considero mais delicado cuidar da saúde vocal executando vocais limpos…também observo um maior número de pessoas com problemas vocais nesse estilo, mas na maioria das situações está diretamente ligado a práticas viciosas que não são saudáveis para a voz a longo prazo.
– Ainda sobre as aulas, como é a procura? As mulheres tem mostrado mais interesse?
Hoje atendo um público misto, mas a presença das mulheres é sim grande. É muito legal ver pessoas iniciando do zero, superando o medo de soltar a voz e atingindo seus objetivos, um trabalho muito gratificante. Dos meus alunos que seguiram firme com as aulas, 100% deles estão atuando profissionalmente em bandas.
– Quais os novos projetos e o que está por vir?
Estamos em estúdio gravando um novo álbum que será lançado provavelmente no segundo semestre. Houve também um convite para uma turnê com o Venom Inc na Europa, que está sendo negociada para setembro.
NA PISTA:
Qual o ‘cast’ dos sonhos para um Festival Rock Feminino?
Difícil….seria uma lista muito longa! Mas poderia rolar Unleash The Archers, Holy Moses e Crystal Viper?
Quais seriam as músicas do melhor CD de Rock Feminino de todos os tempos ?
Caramba outra pergunta difícil. Há uma playlist no Spotify do Torture que recomendo, com boas bandas com mulheres em sua formação, vai estar disponível a partir de 8 de março.
Quem seriam as integrantes da banda Rock Feminino dos sonhos ?
Vocalista: Jill Janus (R.I.P)
Guitarra: Cherry Sickbeat (R.I.P)
Guitarra: Sonia Anubis (Burning Witches e também uma ótima baixista em sua outra banda Sepiroth)
Baixo: Mia Winter Wallace (Abbath)
Bateria: Luana Dametto
Qual o melhor show que você já foi?
No metal extremo escolheria o Vader; e no Heavy Metal o Hammerfall.
E melhor show que você ainda não foi?
Com certeza não haverá chances para ver, Motörhead.
Qual CD você esconde da galera da banda?
Eles sabem que tenho um gosto musical estranho, há algumas bandas que gosto muito e eles não suportam, como Blind Guardian.
NO PALCO:
O melhor show que já fez?
Rock in Rio poderia ser escolhido pela emoção, mas os shows da nossa última turnê no México foram matadores.
O pior show que já fez?
Não guardo lembranças ruins dos shows. Mas me lembro de um show em Maceió que estava muito doente e com dificuldades para cantar.
A música que tem mais orgulho de ter gravado/composto?
Acredito que ainda esteja por vir…
Qual projeto musical gostaria de ter no futuro?
Tenho vontade de tocar muita coisa, gostaria de tocar guitarra em algum projeto.
NO BACKSTAGE (completando a frase):
Quebrei um CD do PANTERA de tanto ouvir (mas foi só a capa que quebrou de tanto levar para cima e para baixo).
Na banda eu sou a mais NOVA de todos.
Minha camiseta da banda BEHEMOTH praticamente andava sozinha.
No catering do show não pode faltar ÁGUA e ENERGÉTICOS.
Mais entrevistas:
<<Larissa Zambon: a voz potente da Ignispace>>
<<Tamy Leopoldo: conheça mais sobre a baixista da Eskröta>>
<<Luciana Lys: Uma paraense em uma banda francesa de metal>>
<<Nena Accioly: conheça a baixista da banda Melyra>>
<<Valmir Zuzzi: o pesquisador de guitarristas>>
<<Neila Abrahão: a grande guitar hero brasileira>>