Quem teme a CPI da Lei Rouanet?

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Há uma semana eu escrevi aqui na coluna sobre uma operação de Máfia dos Shows que investigava fraudes na contratação de apresentações musicais em cidades do interior de São Paulo e em outros oito estados brasileiros. Qual não foi minha surpresa quando na terça-feira (28) estourou a investigação da Operação Boca-Livre, que descobriu fraudes de cerca de R$ 180 milhões por meio da Lei Rouanet, de incentivo à cultura.

O que parece é que essa onda de ‘lavar a jato’ e passar a limpo tudo que envolve o poder público está tomando maiores proporções e descobrindo sujeira em todos os cantos. Acredito que demorou demais para que tudo isso viesse à toa, mas antes tarde do que nunca!

Quem trabalha com cultura sabe e sempre soube que há privilégios para uns e outros e algumas histórias bem mal contadas quando o assunto é dinheiro público. O que acredito ser necessário no momento é lançar logo uma CPI para investigar esses contratos firmados pela Lei Rouanet e, de uma vez por todas, tirar a limpo a história de que muito artista é mantido com a lei para fazer campanha para político. Aqui repito a pergunta feita pelo economista Rodrigo Constantino: “Quem teme a CPI da Lei Rouanet?”. Sou capaz de citar alguns nomes de pessoas que realmente temem por essa CPI (e com provas!).

Até o momento a investigação só avaliou uma empresa, a Bellini Cultural, que teria bancado pela lei de subvenção: casamentos, festas privadas e confraternizações de empresas. No ‘rolo’ estariam outras empresas utilizadas como laranjas, além de produtores culturais, artistas e empresas. A fraude englobava a empresa doar o dinheiro pela lei, abater o valor em impostos e o produtor cultural devolver o valor para a empresa doadora, que ganhava duplamente em cima da lei de incentivo. Que as investigações continuem!

Vivian Guilherme

A autora é jornalista, mestre em Ciência, Tecnologia e Sociedade pela Universidade Federal de São Carlos (UFSCAR), graduada em Letras e pós-graduada em jornalismo contemporâneo. Produtora musical e técnica em áudio profissional, foi eleita Personalidade Musical do Ano (2008 e 2011) pelo Prêmio GRC Music (extinto Prêmio Toddy de Música). É criadora do Festival Rock Feminino e webmaster do Rockfeminino.com.br.

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