No pior dos Brasis…

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No pior dos Brasis, Claudinho & Buchecha estariam entre as músicas mais tocadas do ano. No pior dos Brasis, É o Tchan estaria em todos os programas de entretenimento da televisão brasileira. No pior dos Brasis, Sampa Crew seria referência em poesia musical. No pior dos Brasis, o ‘Bom Xibom’ d’As Meninas seria referência em conteúdo e ritmo.

Entretanto, estamos longe, muito longe de estarmos no pior dos Brasis. Estamos é muito, muito abaixo disso. A bem da verdade, precisamos melhorar demais para conseguirmos chegar ao pior dos Brasis, quando o assunto é música.

E se fôssemos reproduzir a simbólica frase do “pensador” Tiririca, ‘pior que está não fica’, eu diria para nem se atrever. Afinal, quando em 1996 achava impossível algo pior do que ‘Na Boquinha da Garrafa’, hoje sinto é falta das canções da Cia. do Pagode e até mesmo do Tchakabum.

Nessa semana, eu meu marido passamos uma noite assistindo a vídeos no YouTube. Começamos com David Bowie (é válida a menção, uma grande perda para o mundo da música) e, quando vimos, estávamos assistindo ao “Ragatanga”, do Rouge, sem antes deixar de passar por Braga Boys, PO Box, Kelly Key e finalizando com Luka. Por alguns instantes ouvimos com um certo saudosismo essas canções que não eram bem vistas há mais de dez anos.

Mas aproveito para tirar algumas linhas e dedicá-las exclusivamente à Luka. Afinal, ela merece! “Tô nem aí” foi a música mais executada no Brasil em 2003. Foi sucesso no exterior. Tocou em todas as festas, aniversários, casamentos, formaturas e na rádio. Ah, como tocou na rádio a canção da menina Luka. Naquela noite, ouvimos uma, duas, três vezes a canção e partimos para outras da lavra da cantora: “Porta Aberta” e “A aposta”.

Surpreendentemente descobri que a artista não abandonou o mundo da música e está aí, atuando no anonimato em busca da ingrata fama. E aí eu volto a me perguntar mais uma vez: em que país estamos, no qual Luka não está no topo das paradas de sucesso? Sua mais recente canção um pop-rock-cheio-de-energia-e-bons-refrões intitulada “Livro Aberto” DEVERIA estar no ranking de canções mais tocadas de 2015, senão entre as 30 mais.

Luka deveria estar no programa da Eliana falando sobre sua vida e suas músicas, deveria estampar a capa da revista Caras deste mês, estar em todos os sites sendo o mais acessado vídeo do País. Afinal, que diabos aconteceu com esse Brasil? Por que as pessoas não escutam mais músicas bem escritas, bem cantadas e bem tocadas? Cadê o espaço que os bons músicos merecem?

Vivian Guilherme

A autora é jornalista, mestre em Ciência, Tecnologia e Sociedade pela Universidade Federal de São Carlos (UFSCAR), graduada em Letras e pós-graduada em jornalismo contemporâneo. Produtora musical e técnica em áudio profissional, foi eleita Personalidade Musical do Ano (2008 e 2011) pelo Prêmio GRC Music (extinto Prêmio Toddy de Música). É criadora do Festival Rock Feminino e webmaster do Rockfeminino.com.br.

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