Mais um ano sem o Rock Feminino
Este foi o quarto ano consecutivo sem uma edição do Festival Rock Feminino. Pode parecer pouco, perto dos dez anos de história do evento que teve sua primeira edição em 15 de março de 2003. Mas, se pensarmos que a maior parte dos jovens que hoje frequenta shows ou gosta do estilo tinham, na época da última edição, cerca de dez ou 11 anos de idade, é possível perceber que há um público que desconhece o que foi o evento.
Sou suspeita para falar sobre este assunto, afinal, é difícil argumentar ou discorrer sobre um filho sem ser parcial. Mas para quem não conhece o evento, vale dar uma ‘googleada’ para ver as fotos, vídeos e histórico do evento que chegou a ser reconhecido como o maior do gênero na América Latina, além de ter recebido diversos prêmios nacionais e reunir cerca de 10 mil pessoas aqui em Rio Claro.
Enfim, o fato é que sinto um vazio nos meses de março em que não há a correria toda do festival. Apesar do hiato, vale destacar que nos bastidores o festival ainda tem algum ‘fôlego’, afinal, desde 2012 o projeto está aprovado tanto na Lei Rouanet, do Governo Federal, quanto no sistema Proac ICMS, do Governo do Estado, para receber investimento e, finalmente, realizar a sua tão sonhada 10ª edição.
Entretanto, cada vez mais é possível ver a falta de interesse por parte dos empresários da cidade em investir em um projeto, através de leis de incentivo. E sobre os editais, aquele sistema que já falei por aqui na coluna, o evento já obteve aprovação na edição de 2011, e não costumam aprovar mais de uma vez.
No começo deste ano, ao encontrar informalmente com o prefeito, ele perguntou, “e o Rock Feminino”? Indagação bastante constante que recebo de vereadores, amigos e, principalmente músicos. E outra pergunta, também frequente, é por que não buscar então investimento municipal – como outros festivais do gênero fazem -, em vez de continuar tentando, sem sucesso, outras formas de financiamento?
A resposta é apenas uma: Não vou requerer isso à esfera municipal, simplesmente, porque sou eu que tanto critico o investimento municipal em eventos esporádicos como o Carnaval, por acreditar que existem outros destinos para os recursos da Secretaria de Cultura e Turismo muito mais primordiais, como cursos de formação, etc.
Bom, e por que não fazer o evento como era logo no início, feito com pouco recurso, na precariedade, também a exemplo de eventos do gênero que continuam acontecendo na cidade? E a resposta é porque não mais admito contratar bandas para tocar sem pagar cachê ou ajuda de custo. Aceitar artistas tocando de graça é desvalorizar uma profissão e, principalmente, o trabalho e empenho de uma cena que busca a sustentabilidade.