Neila Abrahão: a grande guitar hero brasileira
Eu poderia começar descrevendo Neila Abrahão de muitas formas, mas em nenhuma delas consigo deixar a palavra MARAVILHOSA de fora. Neila não é somente um ícone da música nacional, mas é uma verdadeira heroína do rock.
Musicista e pedagoga, Neila foi a primeira mulher a dar aulas no conceituado Conservatório Musical Souza Lima – onde trabalha até hoje –, além de endorser de diversas marcas e de atuar em bandas há muitos anos. O destaque é para a banda feminina Valentine, fundada por ela em 2007.
Atualmente, Neila é jurada do reality show Canta Comigo, na Rede Record de televisão e também já foi confirmada para o Canta Comigo Colômbia, que irá ser veiculado em 2020, na TV Caracol.
Com muito orgulho tive a honra de entrevistar minha guitarrista favorita.
Vivian Guilherme: Você foi a primeira mulher guitarrista a dar aulas no conceituado Conservatório Souza Lima. De quando você começou, até hoje, como vê o mercado da música para as mulheres?
Neila Abrahão: O mercado vem abrindo cada vez mais, vejo mulheres atuando tanto como guitarristas como em outros instrumentos como baixo, bateria etc e, também, dando aulas. Antes era raro encontrarmos mulheres atuando com esses instrumentos, hoje já tem um número bem maior.
– Você escreveu um método de guitarra, abrangendo um público na faixa etária desde os seis anos até jovens e adultos. Qual diferencial buscou trazer nesse método?
Sim, antes eu trabalhava com crianças a partir dos 6 anos, de uns anos para cá, passei a trabalhar com crianças a partir de 4 anos, percebi que dá pra trabalhar com elas, com o violão e a guitarra baby que o mercado oferece. Criei um método específico para essa faixa etária, e é uma gracinha ver essas crianças tocando e cantando, com as perninhas balançando na cadeira [risos]. O diferencial que sempre busco é priorizar a prática, pois todos nós somos imediatistas, então a partir da prática de tocar uma música logo na segunda aula, incentiva o aluno e, gradativamente, vou embutindo a teoria, a técnica está presente o tempo todo quando trabalhamos uma música, até atingirmos um nível, no qual o aluno estuda a harmonia e improvisação.
– Atualmente, você integra o corpo de jurados no programa ‘Canta Comigo’, da TV Record. Dos artistas que passam por lá, como tem percebido a qualidade musical? Tem muita gente com talento, falta preparo ou falta mercado?
Desde o ano passado na primeira temporada que participei, a grande maioria são talentosos e faltam oportunidades no mercado, mas tem casos que falta mais preparo realmente, e experiência. Neste ano fui convidada também para gravar o Canta Comigo Colômbia, onde metade dos jurados são brasileiros e a outra metade são colombianos. Muita gente veio da Colômbia, desde todos os candidatos, como a apresentadora e o diretor. Vai passar o programa lá na Colômbia no ano que vem, já gravamos. Em relação a candidatos, assim como no Brasil, muita gente boa e preparada para o mercado e outros precisando de uma preparação melhor.
– Ser mulher e guitarrista no Brasil é um ofício solitário?
Digamos que um pouco sim, vamos abrindo portas, batalhando muito, mas posso afirmar que ser bandleader é um trabalho muito mais árduo e solitário do que até mesmo ser mulher e guitarrista.
– Para quem está ingressando na aprendizagem do instrumento que dica deixaria?
Estar aberto de coração para o aprendizado do seu instrumento. Se dedicar todos os dias se possível, para o estudo, encarar as dificuldades como desafios para serem superados, com disciplina e treino. Não há dom que resista sem dedicação e treino! Se organizar nos estudos, definir quantas horas por dia ou que dias dentro da sua rotina será seu treino. Definir os assuntos do treino, sem querer pular níveis, tentar deixar a ansiedade de lado e ir construindo dia a dia sua evolução.
– E para quem já tem banda, está na estrada e buscando visibilidade no mercado. Qual a dica?
Ficar sempre atento às coisas novas que o mercado oferece, formas de divulgação, deixar atualizadas e bem divulgadas as redes sociais, se possível com ajuda de profissionais para essa questão, estar sempre atento e atualizado. Produzir sempre material novo como músicas, clipes, ensaios fotográficos etc e estar atuando fazendo shows para divulgar seu trabalho. Procurar expandir sempre seus contatos dentro e fora do Brasil. Procurar ajuda de produtores, assessoria musical etc
– Atualmente, está com quais bandas, quais os próximo projetos e o que está preparando para o próximo ano?
Estou com a Banda Valentine que fundei em 2007. Para o próximo ano venho amadurecendo algumas ideias para um ou mais projetos novos que estão ainda em definição.
NA PISTA:
Qual o ‘cast’ dos sonhos para um Festival Rock Feminino?
Vamos lá: Valentine; Jennifer Batten; Orianth; L7; The Runaways; 4 Non Blondes; Band Maid; Halestorm; Pitty; Heart; Doro Pesch; e Lita Ford.
Quais seriam as músicas do melhor CD de Rock Feminino de todos os tempos?
Amen (Halestorm), Vem comigo (Valentine), Everglade (L7), According to you (Orianth), What s up (4 non blondes), Teto de vidro (Pitty), Cherry bomb (The Runaways) etc.
Quem seriam as integrantes da banda Rock Feminino dos sonhos?
Vocalista – Lzzy Hale (Halestorm)
Baterista – Pichu Ferraz
Baixista – Fernanda Lira
Guitarrista – Neila Abrahão
Guitarrista – Jennifer Batten
Qual o melhor show que você já foi?
Pantera, Yngwie Malmsteen, Halerstorm
E melhor show que você ainda não foi?
Da Jeniffer Batten
Qual CD você esconde da galera da banda?
Não tenho nenhum que eu tenha que esconder
Qual CD ostenta para os fãs?
Yngwie Malmsteen – “Rising Force”
NO PALCO:
O melhor show que já fez?
No Sesc Santos
O pior show que já fez?
Em uma festa de Motoclube que não lembro o nome de qual motoclube, por causa da estrutura e organização do local.
A música que tem mais orgulho de ter gravado/composto?
“Vem Comigo”, “Tudo vai mudar” e “Tempo”
Qual música que decidiu esconder da galera da banda?
Não existe nenhuma.
Por quantas bandas já passou e qual sente mais saudade?
Por várias, perdi as contas [risos], mas tenho saudades do Harppia e da Flammea
Qual projeto musical gostaria de ter no futuro?
Carreira solo de guitarra, e outro projeto tendo eu no vocal e guitarra.
NO BACKSTAGE:
Tinha pôster do(s) Guns ‘n Roses e Skid Row na parede do meu quarto até 2000.
Quebrei um CD do Guns ‘n Roses de tanto ouvir.
Tenho vergonha de dizer mas já furei fila em um workshop.
Na banda eu sou a mais persistente de todas.
Minha camiseta do Guns ‘n Roses praticamente andava sozinha.
Já perdi (não tenho ideia de quantas, foram muitas) palhetas desde que comecei a tocar, mas a que mais sinto falta é aquela não tem uma específica.
>> Na próxima semana o entrevistado é Valmir Zuzzi, da gravadora Rock Company e editor livro sobre mulheres guitarristas.>>
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