ZINE #1

ZINE

Meu nome é Stephanie Guardia.

ZINE, minha coluna no jornal Diário do Rio Claro, agora disponível aqui no ROCK FEMININO.

Como a minha coluna é sobre moda e comportamento, não poderia deixar de estrear com uma entrevista exclusiva com meu querido amigo e melhor padrinho do mundo, Dudu Bertholini.

Sobre Dudu Bertholini:
Dudu Bertholini é estilista, stylist e consultor de moda brasileiro nascido em São Paulo.

Em 2003 fundou a marca NEON, cujo estilo e estampas exclusivas tornaram-se referência em elegância brasileira.

Em 2008 foi diretor criativo da marca CORI. Como stylist assina desfiles, campanhas e editoriais de moda para diversos veículos e marcas.

Na TV, Dudu integra o júri fixo do programa Amor & Sexo, apresentado por Fernanda Lima, além de assinar os figurinos do programa.

Também apresenta o programa de entrevistas “Nós, os Fashionistas” (Fashion TV) – e foi jurado do show “Brazil’s Next Top Model” (Sony).

Em 2014 lançou o documentário “De Gravata & Unha Vermelha”, onde atua como curador & entrevistador.

No cenário acadêmico é coordenador da Graduação em Design de Moda do IED – Instituto Europeo di Design; e realiza palestras e workshops nas principais cidades do país.

Seu estilo exuberante é facilmente reconhecido nos desfiles, editoriais e catálogos que assina.

Hoje Dudu licencia diversos produtos que levam seu nome, como roupas & acessórios, bolsas, mochilas, papelaria, entre outros.

DUDUALTA

ZINE: O que é MODA para você ?!
Pra mim a moda é um sistema de renovação permanente que traduz o desejo das pessoas. A moda é um espelho do mundo à nossa volta. Através da moda a gente entende a história da humanidade, a gente entende o pensamento vigente das pessoas em um determinado lugar, um determinado tempo. Através da moda, a gente consegue entender sobre religião, política, geografia, sobre antropologia – e é isso que faz dela tão interessante. Então, por trás de tendências que às vezes a gente acredita que sejam só propostas de cores, formas e silhuetas, pode ter certeza que existem indicadores do momento pelo qual o mundo está passando.

ZINE: E TER ESTILO para você, o que significa ?!

O estilo é nossa experiência individual diante da moda.

Ele é uma soma dos elementos que motivam nossa sensibilidade, que formam a maneira que escolhem traduzir o mundo à nossa volta. Então, o estilo não é algo que muda a cada seis meses como a moda – ele é algo que a gente vai transformando ao longo da vida. Claro que o estilo muda, porque nós mudamos, também. Mas ele não é algo que a gente descarta, porque ele tem muito a ver com nossa experiência de vida. Eu acho que ter estilo não significa ser uma pessoa que gosta de moda, que consome muita moda. Eu acho que ter estilo é ser coerente com o que você é. Ter estilo é uma harmonia entre o que você é, o que você pensa, o que você fala, como você age e também como você se veste. Por isso que faz muito sentido quando a Coco Chanel há 100 anos: “a moda passa, o estilo permanece” – ou mesmo a gente poder dizer ainda hoje que a moda é a oferta, e o estilo é a nossa escolha.

ZINE: Sua família é de Limeira, e você morou lá na adolescência. Qual sua relação com o interior do Estado?!
Bom, meus pais nasceram em Limeira e vieram muito novos pra São Paulo, por conta do trabalho do meu pai. Então eu e meu irmão nascemos em São Paulo, passamos a infância aqui, e quando eu tinha 10 anos de idade e o meu irmão Kiko 12, nós mudamos pra Limeira, onde eu morei até os 17 anos de idade, quando eu voltei pra São Paulo pra fazer a faculdade de Moda. Mas eu me sinto muito limeirense, eu tenho muito carinho pelo interior do estado – eu acho que eu tive uma adolescência super saudável, podendo andar na rua com mais liberdade, uma liberdade que é mais difícil ter na capital, e meus amigos de lá trás, quando eu fiz, com 10 anos de idade, muitos deles continuam sendo meus melhores amigos até hoje. Então é muito legal ver que eu criei vínculos que são muito vivos até hoje na minha vida.
ZINE: E qual sua relação com Rio Claro ?
Rio Claro é muito próximo de Limeira, ainda mais meus pais que moram ali no condomínio Limeira/Piracicaba, então Rio Claro é uma cidade próxima – mas meus vínculos se fortaleceram graças a você, minha grande amiga Stephanie Guardia, e o fato de eu ser padrinho do seu filho, do Ramone, isso fortaleceu demais, hoje eu considero que eu tenho uma família em Rio Claro também, então tenho um grande carinho pela cidade, e que mesmo ela sendo uma cidade pequena, ela também tem cultura e iniciativas muito legais.

ZINE: Como estamos em uma cidade do interior, lhe pergunto : Você acredita que exista uma diferença entre a moda praticada nas capitais e no interior ?
Acredito que com a internet, as distâncias se encurtaram. O mundo se encolheu. Então, hoje mesmo que você esteja no interior, mesmo que você esteja em uma cidade pequena, você tem acesso a todo tipo de informação ao mesmo tempo que o mundo todo. Então isso possibilitou que tudo mundo possa se conectar com uma tribo, não só na sua própria cidade, mas uma tribo global, uma GLOBAL TRIBE – como a gente chama, e eu acho que isso dá muita liberdade pras pessoas. Muitas vezes a gente escuta, como eu ouvi em Limeira, quando eu morava aí, as pessoas diziam “ah, no interior você não pode ser do jeito que você quiser, porque as pessoas comentam, porque as pessoas criticam, porque as pessoas julgam” – eu acho que a liberdade de ser quem você é mora em você! E você nunca pode terceirizar essa responsabilidade. Eu acho que é nosso dever hoje em dia é não julgar as pessoas pela sua aparência, mas sim entender o que elas comunicam através do que elas vestem.

ZINE: Na sua opinião, qual a relação entre MODA e MÚSICA ?
Moda e música sempre caminharam juntas, principalmente depois da Segunda Guerra Mundial quando a gente assiste a ascensão dos movimentos de contracultura. Com a evolução da comunicação também não podemos mais dizer que a moda que a gente vê nas ruas ela vem apenas das passarelas ou da criação dos estilistas, a Moda hoje vem de todos os lugares: ela vem do música, ela vem da cinema, ela vem da rua, e é muito legal perceber que nas últimas décadas que várias modas vieram da música, de artistas da músicas, vieram dos palcos e foram incorporadas ao grande público. Um bom exemplo disso é lembrar do GRUNGE nos anos 90′ – quando a gente viu em 93 todas as grandes maisons copiando todos os looks que havia sido criado nas ruas de Seattle pelo movimento de jovens roqueiros, então esse namoro existe há muito tempo e todo mundo se beneficia com ele.

ZINE: As pessoas estão cada vez mais interessadas na moda de rua, no street style. Qual a razão disso?
A moda – do presente, do futuro – ela busca autenticidade, individualidade. A moda não está mais aqui para nos padronizar. Ela está aqui para nos enaltecer as nossas diferenças, fazer com que cada um possa aflorar o melhor do seu estilo e ser a melhor versão de si próprio. Então, é por isso que o STREET STYLE nunca foi tão importante – porque a gente nem tem que saber como a gente tem que se vestir na próxima estação. A gente quer saber como cada um está interpretando o mundo à sua volta nesse momento. Hoje, a gente vai numa temporada de desfiles e às vezes tem mais gente na porta dos desfiles fotografando os convidados, e as pessoas na rua, do que propriamente na passarela. Então acho que a busca pela verdade e por enaltecer os estilos individuais que faz o STREET STYLE ser tão importante hoje.
ZINE: Muitas pessoas acusam a moda de ser superficial. Você concorda com essa informação ?
Por muito tempo a moda foi acusada de ser superficial e por mundo tempo a moda procurou nos padronizar. Ela quis nos dar um direcionamento de como nos deveríamos nos parecer para estar de acordo com o mundo em que vivíamos. Hoje, a muda tem que fazer justamente o contrário: a moda tem que quebrar todos os padrões que ela mesma tenha criado, pra fazer com que as pessoas vivam à vontade, com suas diferentes raças, cores, gêneros, estilos, verdades, realidades. Então vamos esquecer aquela moda que oprime, que padroniza e vamos passar em uma moda da EMPATIA, uma moda que abraça as diferenças, e mais que isso: uma moda que gera um impacto positivo no mundo à sua volta. Essa é a MODA que a gente está praticando no presente e no futuro – e que derruba a ideia que a moda é superficial.

ZINE: Muitas mulheres acham que ainda faltam tamanhos maiores no mercado. Como você vê o fenômeno da moda plus size?
Como justamente o papel da moda contemporânea é quebrar quaisquer padrões que ela mesma tenha criado, a moda PLUS SIZE nunca foi tão importante – aquela velha ideia, de que mulheres grande tem que ser encontrar por trás de looks monocromáticos, de cores escuras, também evitar listras horizontais – tudo isso são ideias do século passado. Hoje, mulheres grandes podem usar tudo: transparência, bicho, onça, o que é elas acharem que combina com a personalidade delas. Tem muito mais haver com se sentir bem e ser coerente com o seu próprio LIFE STYLE. Inclusive, acho que a ideia é que em pouco tempo a gente possa eliminar o nome plus size, porque não precisa haver diferença das roupas, só diferença de tamanhos. A gente não precisa ter uma coleção específica pro mercado plus, podem ser as mesmas roupas que os outros tamanhos usam também porém na numeração correta, pra que realmente a gente quebre essa distinção.
ZINE: Qual a moda que você espera para o FUTURO?!
A moda que eu espero pro futuro, é uma moda que não mais padronize, que não mais oprima, que não mais polua, que não mais faça mau ao uso dos recursos naturais, que não agrida o meio ambiente – uma moda que gere impacto positivo pro mundo a sua volta, e que faça uso da tecnologia aliada a sustentabilidade pra fazer do mundo um lugar melhor.
ZINE: QUER FICAR POR DENTRO? SIGA: @dudubertholini
Coluna redigida ao som do filme THE OUTSIDERS, dirigido por Francis Ford Coppola, baseado no livro de Susan E. Hinton. Dica dereferência aqui da ZINE, STAY GOLD!

Stephanie

GYPSY PUNK HEART 🖤

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *