ZINE #2 QUEERCORE – A contracultura da contracultura

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Na coluna de hoje a contracultura entra em cena.

Pode ser definida como um estado de espírito de inconformismo, de afirmação da singularidade de cada indivíduo – no convívio com o status quo e diante da cultura convencional, imposta, massificada.

Dentro desse contexto, surgiria em meados dos anos 80, no Canadá, o QUEERCORE.

Nos anos 60, os movimentos de contracultura estavam em alta. Na verdade, seu ímpeto havia começado logo após a Segunda Guerra Mundial.

Nos anos 70, pós Stonewall, estavam estabelecidas uma série de tribos urbanas (termo que passou a ser usado nos anos 90) – que desafiavam o senso comum. Porém, várias delas traziam um elemento homogêneo em sua caracterização. O QUEERCORE, já, nos anos 80, traz uma ruptura em relação a isso. Trazendo a “Sexual Experimentation” – ambivalência sexual, bissexualidade, transsexualidade, ele é plural, rico em sua diversidade.

Hoje, a sigla que define bem esse panorama é designada como LGBTQIA+.

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DEFINIÇÃO:
O QUEERCORE é muito importante porque ele traz representatividade LGBTQIA+ de todos os lados.

Fato interessante é que, no início, as pessoas do QUEERCORE, como o pioneiro artista Bruce LaBruce, não se identificavam com os gays militantes, pós Stonewall – e também não se identificavam com o movimento punk – onde não havia uma real liberdade para fluidez de gênero, para a homossexualidade e outros tipos de fetiche. Ele é duplamente renegado.

Assim, o QUEERCORE – a contracultura da contracultura!

Desse modo, traz representatividade num mundo que já nasce da diversidade.

Para Bruce LaBruce, “o problema com a cena gay na metade dos anos 80, como relata é que ela era muito burguesa e convencional”. Havia um comportamento conformista e também muito dividida em termos como “masculino” e “feminino”. Bruce era muito influenciado pelo Movimento Situacionista e a Sociedade do Espetáculo, de Guy Debord. Então, a ideia era inventar um espetáculo, criar personas, inventar uma cena propriamente dita.

Não adianta você ser geek e fechar as portas para quem é trans.

Não adianta você ser punk e fechar as portas para quem é trans.

É muito importante nos dias de hoje falar de diversidade e representatividade dentro de movimentos de contracultura, e da aceitação de qualquer existência hoje em dia – para o fim de qualquer preconceito.

E o QUEERCORE é totalmente pioneiro nesse sentido.

“OK! Eu gosto de caras, mas eu tenho que gostar de Disco Music?! E esse mau gosto para se vestir? Agora posso gostar de caras que usam Leather Jackets!” – Mikel Board.

O QUEERCORE, além da luta ideológica pelos direitos LGBTQIA+, também hackeou o visual PUNK, com moicanos e jaquetas de couro, com bandas e festivais com os mesmos segmentos do gênero, ou do não gênero.

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https://www.youtube.com/watch?v=9kGVu9pT2Kw

Coluna redigida ao som de Wayne County e The Screamers.

A dica de livro dessa edição é TRANNY, da infame anarquista Laura Jane Grace.Zine#2 Queercore 1

Stephanie

GYPSY PUNK HEART 🖤

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