O humor não faz discípulos
A morte do icônico comediante Jerry Lewis no dia 20 de agosto pode ser também a morte do humor plácido de antigamente. Charles Chaplin, Harold Lloyd, Oliver Hardy e Stan Laurel marcaram um período importante do cinema mudo mas, ainda mais, o embrião da comédia e do humor como conhecemos hoje.
Se hoje não se faz mais humor como antigamente é certamente porque não se faz mais humoristas como os do cinema mudo ou, até mesmo, como os brilhantes da era de ouro do rádio brasileiro. A isso somam-se nomes memoráveis e insubstituíveis como os de Chico Anysio, Manuel de Nóbrega, Ronald Golias, Grande Otelo e tantos outros.
O que a nova geração do humor ainda não aprendeu com os mais antigos é que é preciso muita cultura para chegar à comédia ponderada, ao riso fácil e a piadas simples, mas que fazem rir independente de qualquer situação. Uma piada de Chico Anysio é engraçada hoje da mesma forma que era em 1980, ou 90 e será daqui a vinte anos. Fenômeno semelhante ao dos artistas já citados anteriormente.
E o que diferencia esses medalhões do humor dos youtubers e stand-ups de hoje em dia? A capacidade de interpretar, compreender que antes de uma boa piada é essencial ter um bom personagem, ser versátil e ter conhecimento para fazer rir qualquer público. Na TV hoje em dia os programas de humor trazem os mesmos enredos, com personagens que estampam o próprio humorista e encerram neles próprios os ‘bordões’ e ‘trejeitos’. Ainda estão para surgir atores tão grandiosos quanto Chico ou Jerry Lewis, capaz de interpretar todos os personagens do mesmo filme sem, nem ao menos, ser ele próprio a atuar.