Highlights: Kittie e o hino de [minha] uma geração

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Eu estava toda feliz comemorando meu disco do “Celebrity Skin”, recém adquirido na loja do Jhonny, quando um rapaz que trabalhava na loja da minha mãe, chega e diz: “Courtney Love? Isso não é bom, vou te trazer algo que você precisa ouvir”. No dia seguinte, ele chegava com uma fita K7, com quatro músicas de uma banda só com mulheres, intercalada com algumas músicas do Deftones, Slipknot, Rage Against the Machine e uma música da banda dele. 

Era começo dos anos 2000 e era muito comum os rapazes andarem de skate, usarem calças largas e correntes presas entre o cinto e o bolso. Para mim, que vinha da linhagem ‘grunge lifestyle’, aquele movimento harcore, ou algumacoisacore, era muita novidade. Eu ainda estava na vibe da camisa xadrez, quando escutei pela primeira vez essa música:

Imagina minha cara ouvindo essa mulher com esses guturais? Em Rio Claro, interior de SP onde moro, nesse comecinho de anos 2000 era possível contar nos dedos quem conhecia Kittie. E a panelinha era basicamente as mesmas meninas que gostavam de Hole. Lembro que o único CD original desse álbum ‘Spit’ que vi na vida foi um que a Julia mandou importar, pagou os olhos da cara e todo mundo correu pra tirar uma cópia. A minha tenho até hoje, com o encarte impresso em colorido e em uma capinha cor de rosa [edição de luxo!]. 

A bem da verdade, acho que posso dizer que Kittie definiu uma geração por aqui, não sei se para todas as cidades do Brasil ou do planeta, ou se para todas as garotas, mas aqui – em Rio Claro – e para o nosso mundinho, foi assim. [Quero ouvir histórias, na sua cidade era assim?] Era tão significativo que tinha uma banda de Kittie cover e muitas outras que tocavam cover de Kittie. E deixo aqui um abraço para as meninas da MALT, que fizeram história com covers da banda.

Esse era um clipe verdadeiramente muito anos 90/2000 aquela passagenzinha com cara de MTV! [Ai que saudades!] Então que é bom contar um pouco de história e… voilá! Temos Wikipedia:

Kittie é uma banda feminina de metal canadense de London (Ontário) formada em 1996, pelas irmãs Mercedes e Morgan Lander. A banda fez sucesso em 1999, quando seu single “Brackish” tornou-se um hit. A banda também apoiou, durante o início da década de 2000, o Slipknot em turnê pelo Reino Unido, abrindo vários shows.

Ao todo, lançaram seis discos Spit [1999], Oracle [2001], Until the end [2004], Funeral for yesterday [2007], In the black [2009] e I’ve failed to you [2011]. Separo aqui uma das canções do disco de 2009, que mostra que Morgan, muito antes de Tatiana Shmailyuk [do Jinjer – a nova queridinha do momento – que será tema de outra coluna], já fazia com primor a mescla de gutural e vocal limpo, além de tocar guitarra:

Há dois anos, para celebrar os 20 anos de banda [meu Deus! VINTE anos!] as meninas lançaram um documentário/disco chamado “Kittie Origins/Evolutions” / “Kittie Live at the London Music Hall”. O disco teve versão com prensagem em vinil. Um pedacinho desse show incrível, algumas partes do documentário e do show você pode conferir no canal das meninas no Youtube: 

Depois de várias mudanças ao longo dos anos, a última formação da Kittie contava com Morgan Lander (vocal e guitarra), Mercedes Lander (bateria) e Tara McLeod (guitarrista – que era da formação inicial e retornou). A baixista que integrava a última formação, Trish Doan, morreu em 2017.  Para encerrar, vamos fechar com a minha favorita da banda:

E aí, gostou? Qual a sua história com a Kittie?

 Cya!

Vivian Guilherme

A autora é jornalista, mestre em Ciência, Tecnologia e Sociedade pela Universidade Federal de São Carlos (UFSCAR), graduada em Letras e pós-graduada em jornalismo contemporâneo. Produtora musical e técnica em áudio profissional, foi eleita Personalidade Musical do Ano (2008 e 2011) pelo Prêmio GRC Music (extinto Prêmio Toddy de Música). É criadora do Festival Rock Feminino e webmaster do Rockfeminino.com.br.

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